Thursday, October 26, 2006

quinta-feira, rindo.

06.40, o despertador contou pra ela.
puxa o braço, levanta a perna, estica a coluna, respira, expira e inspira um bom dia.
pasta de dente arde a língua e ela ri.
água gelada, toalha quente de sol, corpo leve de sonho em cor, olho aberto pra quinta-feira.
tênis. bermuda verde. camiseta sem manga e sem compromisso.
mochila nas costas, maçã na boca, vento no rosto, música alta pra cantar a manhã.
e vai aula e vem almoço.
vem computador, telefone e escrtitório. vai livro, conversa fiada, capuccino, fim do expediente.
chega o azul escuro e o claro se vai.
foge o calor que não quer ficar sem o sol.
tá frio e ela de bermuda verde.
lá vem a sexta e se vai a quinta.
indo, rindo, vindo, rindo, saindo, rindo, chegando, rindo, correndo, rindo, andando, andando, andando, andando.
pra chegar. onde? disseram pra ela que é pra alcançar a felicidade.

que nada, ela bem sabe que a felicidade é só mais um lugar feliz.
e, por isso, rindo. sempre.

Sunday, October 08, 2006

responde pra mim?

eu só queria saber se o mundo seria mais fácil se a gente soubesse ser mais verdadeiro.
só queria poder perder o pudor da palavra e ganhar a clareza do sentimento puro e direto.
por que a gente não vive o tanto que devaneia?
tem que mudar.
eu vou.

Friday, October 06, 2006

eu, o jão e o seu pé de feijão.


o jão tem um pé de feijão.
pra chegar lá em cima e ver a vida como e com ele, tem que subir um monte.
eu não tenho medo de altutra.
mas tenho vontade de chegar no pé de feijão e ficar no pertinho do jão.
ainda tô no começo da subida, ainda mais perto da terra do que do topo do pé de feijão, e do jão.
mas eu sou senhora do tempo, a gente se entende e se respeita bem.
além do que, lá em cima do pé de feijão não tem ponteiro, nem o jão tem relógio.
e eu sigo sem hora pra chegar, agora me preocupo mais em saber o caminho que vai me levar pro jão e seu pé de fejão.
há de ser muito divertido, ver o mundo de cima do pé de feijão e dividir ele com o jão...
e haja fantasia nesse meu coração!

a menininha do desenho é de Jen Corace.

Wednesday, October 04, 2006

acuntição, isso mesmo, acuntição.

"Que nada, menina! Eu gosto é de viver "as acuntição" mesmo. É muito mais fácil assim, olha pra tu ver: toda vez que eu tô indo prum lado da cidade, eu recebo um telefonema que me leva pra outro. Eu tenho muitos clientes na madrugada, sabe? A Dona Carmem, por exemplo, me lilga toda hora pra levar os travestis que ela comanda pra casa depois do serviço. Aí eu levo, porque é gente também e paga sempre em dia. Mas o mais legal é que, vez ou outra, eu acabo virando a esquerda e beirando manhã nos bares com eles. É a acuntição, tá vendo? Essa gente não sabe viver não, ninguém ainda descobriu que a vida é feita de acuntição. As coisas querem acontecer e tu tem que deixar, ora bolas! Eu que não sou bobo já descobri, quem não tem acuntição, vive bem não, viu menina?"



conversa fiada com seu Zé da "acuntição",
taxista paranaense que me levou pra casa dia desses.

troca de roupa.


há tempos não venho aqui derramar palavras nas minhas gavetas.
eu te conto o motivo. parece que o mundo deu uma cambalhota e eu ainda não consegui virar a cabeça pra cima outra vez. tudo novo. ou o velho de roupa nova? sei não.
a cor parda virou fluorescente.
do alto, eu já consigo chegar perto.
o linear virou labirinto gostoso demais de se perder.
tarde agora é cedo e muito é quase nada.
o de dentro vive querendo sair e ganhar ouvido de gente.
acho que agora começo a entender bem sobre o mundo adulto. e ele já não me assusta tanto.
será que o inevitável aconteceu?
resposta melhor é sentir as coisas chegando e se aquietando em mim.
sem que eu perceba, vou trocando de casulo e, quando vejo, já tenho tudo muito dentro.
é como dormir no seu quarto e acordar em uma casa na árvore, entende?
pelo visto alguma coisa permaneceu, o essencial: a convicção plena de que viver a vida adulta dentro de um parque de diversões é muito mais gostoso!