Wednesday, April 26, 2006

Amo demais!


O relógio do computador diz que são 23.46 e o meu já perdeu seus ponteiros há um bom tempo, se é que um dia o tiveram. Lá fora as pessoas se dividem entre gritos de "goooool" e palavrões que a pobre mãe do juíz nunca pensou ouvir a essa altura da vida.


Na verdade, nada disso me importa. Esta noite de quarta-feira é no meu calendário sem data simplesmente agora. E o que tem no meu agora? Por um minuto me abstraio de noções, sentidos, preocupações, conceitos e desejos. Aqui, entre quatro paredes, algumas portas, muitas janelas, eu. Tudo é muito grande e a noção de espaço está perfeitamente dentro, cabe.


Cabe agradecer aos meus orixás por um dia que tinha tudo pra ser como outro qualquer. Mas não o foi, nunca é e nunca será. Não! Porque nessa quarta-feria sem graça e cheia de graça eu acordei me alimentando de sorrisos largos, olhos brilhantes e esperança latentemente verde!
Não, porque eu amanheci descobrindo que o amor não se restringe à espaços físicos e é tão forte que chega de Salvador até a mim sem gastar nem um tostão. E o mais mágico de tudo é que nem sou eu o personagem dessa estória tão cheia de angústias típicas de finais felizes. Acho que é porque amar não tem direção e nem barreiras, vai de um pro outro como vírus... é só estar perto do primeiro espirro. E uma voz apaixonada ao telefone vem pra me dizer que é sim possível seguir o "flow" da vida e com ele lambuzar a boca de chocolate! Ah Camila minha fulô... como eu te quero bem! Como eu te quero cada vez mais e mais perto do Elevador Lacerda! Há de estar longe de mim, mas nos braços seguros de Oxóssi!

Abençoada seja minha quarta-feira tão cheia desses dois!

O desenho é do Leandro, aquele.... o Lisboa.


Thursday, April 20, 2006

Pega, estica e puxa!

Abrace, e se permita ser abraçado.
Olhe no olho, encoste na mão, deixe o sorriso correr solto. Acaricie.
Pegue no cabelo, estique o braço, aperte as bochechas.
Beije a ponta do nariz, brinque com as orelhas, estale os dedos.
Sopre a nuca, bilisque as pernas, pise nas costas. Massagem.
Enrole pés nos outros, deite no colo, sinta o cheiro.
Puxe a pele, alise a barriga, carregue nas costas.
Feche os olhos.
Faça como, quando, com quem, onde quiser, mas faça.
Deixe o corpo falar, faz bem aos ouvidos da alma.

Acabei de ouvir:

"Uai Manu... você parece diferente hoje. Tá com cara de quem pulou do precipício!"
(Deus meu! Como é a cara de quem pulou do precípício? Provavelmente desconfigurada pela queda, suspeitou meu humor negro...)
"O problema é que você é muito previsível Manu (problema? previsível?). Não adianta esconder os cacos de vidro debaixo do tapete se ainda consigo ver resquícios deles no seus tênis. Mas não se preocupe, estes momentos ímpares do "mundo de Manuella" só são perceptíveis aos que não teriam medo de pular do precipício, mesmo que sem asas como as suas."

(???) (....) (!!!)



(Um precipício é mesmo algo muito grande pra se esconder embaixo do tapete...)

Aberta a gaveta do querer. E eu não quero mais que ela se feche

Eu quero a vida cor de rosa, com todos os “frufrus” e rendinhas e babados na barra da saia.

Quero pisar num chão de brilhantes por onde vi meu amor passar e, por onde meus pés, ainda com aquele band-aid no dedão esquerdo, consigam correr leve e a favor do vento.

Inventar estórias, mundos onde eu possa ser a mentira que eu quiser, tão cheia de verdade, porque será a mais pura expressão do meu desejo de ser o que eu bem entender!

Viver sem ter que me preocupar com o trânsito das seis e usar esta desculpa pra assistir o filme novo de Almodóvar comendo pipoca com groselha, porque eu quero o mundo rosa, e doce, muito doce.

Ah como eu quero! Como eu quero acreditar pra sempre que eu cheguei ao mundo pelo bico da cegonha, que as estrelas nunca morrem, que aquela Caloi Ceci vermelha que tantos “roxos” na canela me trouxe foi Papai Noel quem me deu. E Lobo Mal? Até hoje não durmo com as portas do armário abertas...

Quero acordar com o sol na testa, com os olhos piscando leve e nunca cansados de tanto azul no céu. Cheirando flor, respirando café fresquinho da vizinha, vendo a meninada correndo atrás da bola na rua e ouvindo Vinícius dizer na minha vitrola que tudo isso “porque hoje é sábado”!

Ai ai .... como eu quero, quanto eu quero. Descobrir as curvas do meu rio e com elas aprender a conduzir minha canoa nascente a baixo. Agarrar nos galhos secos das margens, virar o barco quando o vento for mais forte que meu remo, rir de mim mesma, suar horrores pra fugir da correnteza e chegar perto da pedra grande, onde vou parar pra tomar um banho de cachoeira!

Querer não é pecado, não faz “mal pras vistas”, não dói e não tem gosto de jiló. Querer é colocar pontos de exclamação na vida! Eu quero e quero com muita calda de caramelo, com muita purpurina. Quero, muito, tudo, antes, perto, sempre, forte, leve, azul... cada querer no seu lugar, cada lugar no meu mundo, todos os mundos no meu querer.

Monday, April 17, 2006

-"Bom dia! Você dormiu comigo hoje, seu mal educado?"
-"Não! Eu não tive essa oportunidade mas, bem que seria um grande prazer!"

O Tiago é assim, a gente nunca sabe onde ele está.

Uni duni tê salamê minguê!

Fazer a escolha certa e ser uma escolha bem feita. Parecem ser a mesma coisa mas, meus pensamentos inquietos concluíram o contrário a partir de um "trabalho de campo" vivido nos últimos dias. Existe sim uma grande diferença, só que nem sempre perceptível a olhos nus, é preciso um pouco mais de ousadia ocular, ou qualquer coisa que dê muito errado pra te fazer pensar nisso com tanta veemência. E eu escolho as duas opções acima, mesmo sem saber se vou perder pontos por isso ou vou ter a questão anulada por indecisão explícita.
Na verdade isso tudo é muito perigoso, porque anda de mãos dadas com o arrependimento. "Antes eu não tivesse aberto aquela porta. Por que eu não fui àquele jantar?" E blá blá blá blá... Tá, tudo bem. Até aí o problema é seu, aliás, só seu, porque a decisão foi tomada por você mesmo. Mas tem hora que, em consequência da sua, vem a de outra pessoa. Ou seja, ao fazer uma escolha você acaba sendo a escolha de outro alguém. E pra piorar ainda mais vem a noção de certo e errado. Pronto! Já era!
Eu pulei a janela certa, ainda que afirme sem certeza absoluta. Mas acredito, também longe da convicção plena, que não fui a escolha mais adequada, digamos. E aí vem o "ponto X" da excruzilhada: você escolhe a cuz ou a espada?
Eu escolho a cabeça, não pra ser martelada pela cruz ou furada pela espada, mas pra tentar calcular a altura da janela pulada, dividir pelas costelas quebradas na queda, subtrair pelo medo do novo e somar tudo à uma boa dose de vontade de aprender. Talvez assim, a lógica da minha equação seja positiva o suficiente pra me convencer de que a ordem dos fatores não altera o produto.
Conjugar o verbo "escolher" diariamente, seja ele intransitivo direto ou transitivo indireto , não é tão simples quanto os outros verbos o são. Primeiro porque, pra que a conjugação seja feita de forma perfeita, ou no mínimo justa, é preciso que seja no plural. Como se eu e você tivéssemos pedido picolé sabor limão e o vendedor tivesse que escolher pra quem dar o último deles.
Depois, porque é preciso um bocado de esperteza pra poder dicernir o que realmente é rentável em uma escolha dessas. Pensar se vale mesmo a pena se arriscar em algo que você não tem a mínima idéia de certeza ou final feliz. Daí o perigo que remete ao pensamento anterior, o egoísmo, o egocentrismo.
Mas, no final das contas matemáticas e das conjugações verbais, a minha escolha teve algo de muito positivo. Mesmo que não tudo, difícil agradar à gregos e troianos, ainda que com o jeitinho brasileiro. Escolher talvez seja uma das maiores alegrias presentes no meu dia a dia, a gaveta que mais tenho aberto e fechado com frequência impressionante! Porque escolher remete à maior das características da vida de uma borboleta, a liberdade... E é nela que eu me agarro, na grandeza de vôos livres, tanto para erros quanto para acertos. Na leveza de bater asas por traçados incertos, mas sempre, sempre atenta aos que voam comigo pra um lugar onde há de reinar o bem.

Wednesday, April 05, 2006

E agora José?


É uma briga bem árdua...
Como se fosse o desejo e sua armadura de ferro contra o medo e sua espada pontiaguda.
E no meio desse duelo, eu. Sem armas, sem proteção, sem nem saber mais pra que lado correr.
Correr de que?
Eu nunca tive medo de pular, mesmo que do alto.
Talvez eu não saiba ainda a diferença entre pular e valer a pena se arriscar.
Não gosto disso.
Prefiro nadar no rio.
Catar goiaba no pé.

Tuesday, April 04, 2006

Inocência onde ela nunca mora.

A mãe: "Tá vendo aqueles meninos ali em baixo daquela ponte? Eles não tem onde morar e muito menos o que comer. Sabe aquele arroz e feijão que você desperdiça todo dia no almoço? Pois é... eles não têm nem isso".


O filho: "Então como é que aquela menininha ali está com a barriga muito maior que a minha"?
Fez-se silêncio generalizado no ônibus.

Dia de Fred

Hoje eu ouvi a voz do Fred.
Tinha tanto tempo que eu não sabia por onde o Fred andava...
Será que ele ainda gosta de comer flores na salada?
Depois de anos, mesmo longe, ainda sinto o Fred mais perto que nunca!
Deve ser por isso que dizem que a saudade é ser, e depois ter.