Friday, January 06, 2006

Moças de respeito

As fotos eram lindas, os desenhos carregavam (porque eram mesmo pesados) traços de criança. As palavras eram firmes, algumas soavam como pequenos poemas. Tristes, presos, vozes caladas, letras mais cruéis que o silêncio. Algumas premiadas, outras convidadas, todas maquiadas.
Mulheres, flores, muros, corpo, quatro paredes, mini saia, olhos adormecidos. Liberdade é só uma paroxítona terminada em "e", e quando o é. Por vezes, uma saudade doída desse sentimento foi cuspida naqueles biombos no meio de um shopping na Avenida Paulista. E os que compravam uma blusa nova, as que acharam o biquini mais bonito de suas vidas, os que acabaram de almoçar, os que vieram só pra desfilar mesmo, passam inertes por entre elas.
Aquelas mulheres... duras, secas e pacientes assistiam a vida passar lá fora, pelo menos numa exposição fotográfica. E eu, que usava aquele corredor como atalho diário pro meu trabalho, neste dia tomei um soco no estômago. Tão forte foi o medo de perder minhas asas, como aquelas presidiárias nunca tiverem antes.

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